sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Seis Meses Depois

Fazem seis meses que me aventurei na viagem do intercâmbio. Sim, irei falar novamente sobre isso.
Assim que cheguei, escrevi sobre. Foi um texto eufórico e extasiado.
Link pra a postagem aqui.
Depois, passei por um mês tenso onde lidar com as realidades do meu dia-a-dia era tão difícil. As comparações infindas do mundo de lá com o mundo de cá me faziam ficar depressiva e imersa no desejo de voltar.

Mas, depois, finalmente eu me recuperei e finquei novamente meus pés no chão.
Porém, a cada mês, a cada dia, percebo em mim mudanças que eu tenho atribuído à experiência da viagem. Pois intercâmbio só entende quem o faz.



Uma coisa é viajar pra "turistar", pra conhecer novos lugares ou fazer compras somente. Outra coisa é estar mais de 15 dias (no meu caso 28) mergulhada numa outra cultura, estabelecendo hábitos diários simples como acordar às 5 da manhã pra estudar com o dia claro, tomar chá preto com leite, tomar banho em pé numa banheira em dez minutos ou se vestir rapidinho pra não perder o ônibus pontualíssimo. Por 28 dias eu desfrutei de uma rotina, que na primeira semana parecia de outro mundo, mas na segunda já era algo corriqueiro.

Ir ao mercado e comprar seu almoço por duas libras, ou fazer um lanche por apenas uma. Ir a praia e pegar um vento impetuosamente forte todos os dias e ver as pessoas entrarem de roupa na água fria.
Conhecer toda semana gente nova, de uma nacionalidade diferente, ter que superar seus limites linguísticos, sua percepção fonética, ou problemas de sociabilidade.

Conheci pessoas que estiveram fora de seu país natal por três, seis, até doze meses. Imagino como não foi impactante para elas.
Mas eu realmente acho que para quem é de hemisfério diferente, no meu caso, território latino-americano, com economia e culturas estratosfericamente distintas, o impacto é muito maior.
Mas sobre isso acho que eu já falei também...rs

O que tenho sentido é que de fato a cabeça muda, a lente com a qual olhamos o mundo muda, mas isso não é imediato, assim que retorna, é gradativo e progressivo.

Seis meses depois, do que mais sinto falta é de poder falar sobre o assunto com quem realmente quer ouvir! Na verdade, são bem raras as pessoas que realmente QUEREM te ouvir. Elas querem estar com você, conversar sobre as coisas que são importantes e relevantes pra elas, mas quando é sobre seus assuntos, raros são os que param, te enxergam, te ouvem.
A vida corrida parece que impede as pessoas de terem real empatia. As vezes a gente não quer presente, elogio, curtida na rede social... Na maioria das vezes a gente só quer ser ouvido, ter a atenção do outro dispensada pra si por alguns instantes.

Mas O.K.. Com isso eu já aprendi a lidar desde a mais tenra idade. Mas quando se trata de experiências desse tipo, fica pior pois só quem passou pelo mesmo é que poderá te ouvir de fato. Por que é muito provável que essa pessoa também sinta a mesma necessidade que você, de falar sobre a besteira mais simples que você vivenciou lá. Trocar figurinha.

Outro ponto interessante que após seis meses eu percebo, é como algumas coisas se tornaram fúteis. Como por exemplo, a busca desenfreada pelo corpo magro, pelo cabelo perfeito ou pela aprovação dos outros. Não sei se é só comigo mas quando vejo a galera suando dentro de uma academia me dá arrepios, sendo que tempos atrás era tudo o que eu queria.

Parecemos as vezes seres robotizados e programados para vivermos num mesmo modelo: trabalhar, estudar, comer fit, ser fitness, tirar selfie na academia, na corrida, na trilha... Eita.. lindo tudo isso, mas até o ponto em que você saiba exatamente "por quê" está fazendo essas coisas.
Estar sempre ocupado é bom até o ponto em que se há um bom propósito nisso. As vezes o lazer é visto como algo que não merecemos ou não deveríamos fazer. Sobre isso já escrevi aqui também, a importância de não se fazer nada. Link aqui.

Por fim, outra coisa que após seis meses percebo em mim, e isso é talvez a mais importante de todas, é o deixar de sentir medo do medo. Quero dizer, deixar de dar confiança pros medos da vida. Ser cautelosa mas encarar os desafios. Coisas que antes me faziam tremer agora eu respiro fundo e ataco. Parece que minha personalidade está se estabelecendo da maneira que sempre lhe foi devida, mas que antes, por tantos medos e inseguranças, era deixada de lado. Os medos existem, mas são inferiorizados.

Acredito que esse é um dos maiores ganhos que se tem quando se faz um intercâmbio ou se vence qualquer barreira na vida que antes parecia intransponível. Você pode! Eu posso!
Deus na frente sempre que os sonhos se tornam reais e os medos se emudecem.

Seis meses depois, eu me sinto nova, apesar de vez ou outra aquela deprê do choque de realidade, da saudade fazer a gente dar aquele suspiro fundo. Mas a gente sabe que agora, empecilho nenhum será capaz de nos limitar. Tudo é combustível pra correr mais longe!

Deixo para meditação Isaías 40, pra lembrar que a gente pode ter nossa força renovada Naquele que tudo pode e voar alto sempre!

byPIU
Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa nem se fatiga? É inescrutável o seu entendimento.Dá força ao cansado, e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor.Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços certamente cairão;Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.
Isaías 40:28-31