Eu tenho pensamentos, sentimentos dentro de mim que eu não
os consigo explicar.
Eu tenho sonhos, eu tenho visões e eu não sei o que fazer
com eles.
Às vezes eu simplesmente me aquieto e os deixo passar,
outras vezes, eu me sinto sufocar.
Eu gostaria de mudar o mundo, mas eu sou apenas uma garota.
Uma garota sem voz que você nem ao menos conhece. Mas quando eu olho ao meu
redor tá tudo tão errado, é tudo tão desconexo e fora do lugar. E eu sinto que
eu preciso fazer algo.
Mas quem eu sou? Em que mundo eu vivo hoje? O que realmente
é importante hoje?
Eu me sinto as vezes em uma bolha onde as pessoas só
conseguem ver televisão, navegar na rede social e não conseguem sentir, não
conseguem se mexer, não conseguem se explodir. Explodir seus sentimentos, suas
emoções.
E eu me sinto feia quando eu falo do amor. E eu me sinto
esquisita quando falo de justiça. É como se hoje a gente vivesse uma alienação
desejada. É como se no fundo, a gente achasse que não tem mais jeito ou que não
temos mais que lutar por nada.
E então a gente segue, andando nas nuvens sem olhar pra
baixo, sem olhar pra quem está em baixo, pra quem tá ao redor.
Eu tenho sentimentos, pensamentos em mim que, eu realmente
não sei como lidar com eles. Aí eu penso que eu posso escrever... e escrever,
quem vai ler? Eu penso que eu posso cantar, e cantar, quem vai ouvir?
Eu penso até que eu posso tentar dançar, mas eu nem levo
jeito tanto pra isso... e quem vai entender o que meu corpo fala? Tem alguma
coisa errada. Alguma coisa precisa ser dita, alguma coisa precisa ser feita.
Eu sou de uma geração que lê tanta história, que já ouviu
falar de tanta luta, mas que tá conformada, que tem medo, que tem receio, ou
simplesmente, desesperança. Ou quem sabe, a gente tem é apego. A gente tem
apego ao que a gente tem. A gente tem apego ao nosso salário, a gente tem apego
à nossa conta bancária, a gente tem apego aos nossos sonhos individuais. A
gente tem apego ao nosso sonho de formar família, ao nosso sonho de ficar na
nossa sala de estar, com nossa TV de 50 polegadas vendo netflix.
Eh talvez isso seja uma vida que valha a pena. Acordar de manhã,
ir ao trabalho. Final do mês, pagar minhas contas. Final de semana, vamo lá dá
um abraço no meu pai, na minha mãe, comer com meus amigos. Aí eu volto pra
minha rotina na segunda-feira fazendo algo que não sei ao certo aonde que vai
dar, se está servindo para algum propósito maior ou não.
Talvez... será mesmo que foi pra essa vida pra qual a gente
foi escolhido? Como que um ser pensante, como que eu saindo do barro, fui
modelada, recebi o fôlego e o espírito de vida pra nada? Pra viver uma vida
morna, pra viver uma vida que não faz diferença em nada!
Como eu posso sentar ao lado do meu próximo e não ter
empatia? Não o observar, não tentar sentir? Como que eu posso ver algo errado,
ver a injustiça e não dizer nada? Como eu posso não tentar mudar o contexto ao
meu redor? Como eu posso ter a bíblia nas mãos e não vive-la? Como eu posso ser
lavada no sangue e não sangrar pelos perdidos, pelos esquecidos, pelos
injuriados? Não orar, não chorar com os que choram?
É tanta gente com poder nas mãos mas sem a menor vontade de
fazer o bem. E isso, isso é um pecado. E eu que não tenho poder nenhum e tanta
vontade de fazer o bem, o que eu posso fazer? Quem sou eu neste mundo? Pra quê
eu vim mesmo? Por quê que eu tô aqui?
Qual o meu propósito nessa vida? Por favor, me mostre! Me
ajude, me ajude! Me ajude a ser um reflexo do seu amor, tua justiça e paz! Me
ajude a ser um canal por onde o Senhor passa e liberta. Me ajude a entender
tudo isso que eu sinto e a transformar isso em algo que vale a pena e não
somente uma onda de sentimentos introspectivos que me deixam calada e me
sentindo estranha no mundo.
Deve haver outros estranhos como eu, não?
Eu realmente gostaria de mudar o mundo.
Quem sabe eu não possa mudar o mundo inteiro mas consiga
mudar o mundo de alguém.
Será que eu consigo pelo menos isso?
by@prisvieira