domingo, 6 de dezembro de 2015

A vida de cada um



Tenho refletido muito sobre a vida de cada um. Muitas vezes a gente quer ser compreendido, quer se abrir, quer conversar sobre o que sentimos, pensamos ou desejamos.
Por vezes tenho a impressão de que as pessoas não captam de fato o que eu quero dizer.
Em outras épocas eu ficaria me esforçando para que as pessoas me entendessem, mas hoje entendo que cada um tem sua vida, sua filosofia, sua maneira de entender o outro e, por conta disso, raras serão aquelas que conseguirão de fato compreender você.

Fazem alguns anos que me mudei de cidade. Morei em uma república por 3 meses, em um quarto de empregada na casa de uma acolhedora senhora por 5, e dividi apartamento com outras garotas por 4 anos. Na minha cidade natal, por aproximadamente 13 anos da minha vida fiz parte de uma igreja evangélica onde fiz amizades, desenvolvi meu talento, aprendi a amar a Deus e sua obra.
Após me mudar, umas das coisas mais difíceis, depois de encontrar o lugar para morar, foi encontrar a igreja a qual pertencer.
Nessa busca, pertenci a uma igreja tradicional, bastante diferente da que eu pertencia em antes, mas nem por isso deixou de ser um momento excelente. Depois, em uma igreja mais próxima do que eu me identifico, mas apesar de ter ficado nela por 3 anos, parece ainda mais difícil criar vínculos quando os mais profundos já foram perdidos há muito tempo. Hoje estou em uma terceira que me lembra muito a primeira o que me faz sentir em casa. Mas mudar, nunca é fácil, apesar de ser cada vez menos difícil quanto mais você muda.

A vida de quem sofreu diversas mudanças é um tanto difícil de se compreender. Você muda de cidade, de igreja, de costumes, muda de empregos diversas vezes, conhece gente aqui e ali, e de repente se dá conta que as pessoas são como souvenires. A cada estação que você passa no trem da vida, você pára, entra em lugares, conhece pessoas, as deseja, se apega, elas te fazem bem, você faz bem a elas, até que você precisa seguir viagem e as pessoas ficarão lá, cada uma seguindo a sua viagem também. E a única coisa que você carrega são os souvenires, as lembranças, os pedaços que cada um deixa em nós, as lições que aprendemos com eles, evoluções, decepções e sempre, crescimento.

E então segue-se a vida. A vida de cada um. E você percebe que cada vez menos espera mais das pessoas. Você sabe que gosta de criar vínculos, mas eles não são eternos. Nada é seguro. Você sabe que as mudanças surgem e você até poderá passar por aquelas mesmas estações de novo, mas não irá parar mais nelas, simplesmente irão passar, como um flash, somente pra lembrar de cada passo da vida.

Nisso tudo, cada um levou algo, deixou algo e formou em si uma visão da vida. Então é de fato difícil alguém compreender quem você é, o quê você é, o que você quer e por quê quer.
Quando se chega em um estágio da vida como o meu. Você deseja passar um tempo maior na estação. Mas entende se sentir mais sozinho nela. Por que você sabe que todos que mais te conhecem ficaram lá, na primeira estação da qual você pegou o trem.
E é preciso lidar com isso. São escolhas. São consequências. São conquistas. São sacrifícios.

Não compare sua vida com a de ninguém. Não subestime o quanto a pessoa precisou deixar nas estações da vida.
A vida de cada um tem sua estrada. E é assim que vejo a minha. Diferente de há cinco anos. Diferente de há dez anos. Mudando. Reciclando. Melhorando.
E nunca, jamais perdendo a essência. É justamente a sua essência que só quem consegue te ver entende. E esses, esses sempre estarão lá. Por você.

Então, tenho visto como há situações que são tuas e ninguém vai entender como é. Só quem viveu as mudanças com você consegue ver além. E são pouquíssimos.

E sabe, esse segredo eu talvez já soubesse bem, desde pequena. Quem me pôs nesse trem foi quem jamais ficou na estação. Mas quem sempre segue na viagem comigo, para onde for, me levando onde ele quer que eu vá. Me mostrando onde devo estacionar, que laços é preciso cortar e quais é preciso manter ou reatar.

Quem segue comigo na viagem é Cristo e é ele quem me da os sonhos a buscar, os talentos a usar e vida pra viver e as minhas especificidades. Me dá pessoas, me tira pessoas. E me ensina cada dia mais que o amor é algo do qual não se pode escapar, sem o qual não se pode viver. E por isso, mesmo com tantos vínculos quebrados, o coração precisa permanecer de carne. O amor é a única bagagem que se leva no primeiro embarque e que se deve manter até chegar ao fim.

Sempre prudente como a serpente. Simples como a pomba. Pura como criança. Alçando vôos como águia.
E só parar quando Ele mandar,

byPIU

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