sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Longe de casa, perto dos sonhos!

Hoje, por algum motivo, razão e circunstância desconhecidos, resolvi começar a escrever vários posts onde contarei minha história de evolução! Na verdade a evolução ainda está acontecendo (nunca devemos parar!!!), mas vou contar desde o começo, quando tive que encarar desafios além do que imaginei poder encarar, quando precisei enfrentar situações desconfortáveis e desfavoráveis, mas que me trouxeram crescimento e aprendizado.

Espero que alguém se identifique e possa ser encorajado com essas histórias. Sei que muitos passam por situações ainda piores. Eu mesma conheci pessoas que enfrentaram empecilhos ainda maiores e não desistiram. Outros acabaram sendo vencidos. Mas ainda assim, sempre haverá outra chance de encarar uma nova batalha e recomeçar. Pois enquanto há vida, há guerra... e esperança!!! :)

1 - Desligada do mundo


 Sempre fui muito sonhadora. Por conta disso até um pouco desligada deste mundo. Vivia olhando o céu, observando as estrelas. Havia até mesmo uma estrela favorita a qual olhava todos os dias da janela do meu quarto. Ela só não estava lá no inverno, afinal, o mundo gira! Mas depois, ela sempre voltava.
E eu a olhava, a contemplava. Parecia que ela queria me contar alguma coisa, ou me revelar algum mistério escondido atrás de seu brilho.
Ali, na janela, fazia minhas orações despretensiosas e informais ao Pai e sentia meu coração arder, e sonhava...

Sou de Araruama, cidade localizada na Costa do Sol ou Região dos Lagos, litoral fluminense, com aproximadamente 120.000 habitantes,  tranquila e cheia de pessoas fortes e batalhadoras, que sabem apreciar um dia de chuva tanto quanto um dia de sol. Os dias de sol costumam ser realmente quentes e neles eu sempre dava um jeitinho de pedir ao meu pai para levar minhas primas, minhas irmãs e eu à praia.
Bons tempos eram esses em que minha única preocupação era saber se iria à praia, ou teria que me virar no banho de mangueira no quintal mesmo. Se brincaria na varanda ou dentro de casa.

Sempre acabava brincando na varanda. Boa parte dessas minhas brincadeiras era sozinha. Tenho duas irmãs mais velhas e isso fez com que chegasse rápido o momento em que estas não queriam mais brincar de bonecas.
Se bem que não foi pequeno o período em que podia brincar de desenhar bonequinhas e recortá-las com minha irmã menos velha. Escrevíamos histórias, montávamos escolinhas... Eu sempre gostei de botar minha Barbie para ter uma vida extremamente ativa: Faculdade pela manha, Ballet a tarde, curso de Inglês depois, passeios com amigos à noite.
Vida independente, corrida, animada, promissora e desprendida. Era isso que parecia para mim, uma vida adulta feliz.

Mas, como parecia distante essa realidade de mim! Sempre fui do tipo estabanada, que não sabia nem atravessar a rua sozinha. Sempre com a cabeça na lua, vivia de joelhos ralados, pois possuía uma facilidade incrível para levar tombos. Caía de lado, de costas, de barriga, de joelhos... não importava como, o importante era cair e não deixar meu joelho lisinho, para decepção do meu pai que sempre reclamava.

Que eu me lembre, não era muito de chorar, mas posso estar errada. Medrosa que só, não podia dormir no escuro, nem subir em nada alto que ficava tensa!
Aurora da minha infância! Aprendendo a ler a Bíblia com minha mãe, que sempre pareceu ser a mulher mais perfeita que conheci, sempre me interessei por Deus e por quem ele era. Como minha mãe era linda pra mim (e ainda é)! Sua mão macia e firme alisava minha testa  energicamente, todas as inúmeras vezes em que batia minha cabeça na parede. Isso não melhorava muito. Na verdade, as vezes até doía, pois apertava o local dolorido pela batida, mas o seu cuidado, seu carinho eram capazes de me fazer sentir tão melhor, que eu deixava.

E o mais incrível, ela sempre pareceu me entender. Quando eu derrubava um copo no chão e quebrava, quando destruía alguma louça, quando fazia lambança na mesa.. eita... ela sabia que sua filha estabanada precisava apenas de paciência.
Sempre corrigia minha postura, que foi deformada na pré-adolescência devido ao meu desenvolvimento ultra mega rápido, que me tornou uma menina de 11 anos no corpo de 18.

Acho que era muito feijão que sempre comi todos os dias. Ou leite, minha bebida preferida! Com bastante achocolatado!!! Hummm !!!
Minha primeira espinha surgiu em meu queixo, do lado direito, quando eu tinha apenas 9 anos. Aos 8, foi necessário que minha mãe me presenteasse com um sutiãzinho, o qual guardo até hoje, pois o uniforme do colégio já não podia disfarçar que eu era uma criança biologicamente precoce.

Ah, e nessa fase não eram apenas meus hormônios que começaram a entrar em erupção, mas meus sonhos também. Nessa fase, pré-adolescência, me envolvi muito na igreja. Minha família toda sempre foi em sua maioria, evangélica e da Assembléia de Deus.
Nessa igreja aprendi muitos valores, aprendi cedo a lidar com decepção, desafios, medos, humilhações e perseguições.
Aprendi também a reconhecer as pessoas logo nas primeiras conversas. Como escreveu o rei Salomão, não há nada de novo debaixo do céu. O que sucede hoje, já sucedeu antes. E com as pessoas isso funciona muito. Uma vez traído, você aprende a reconhecer um traidor bem fácil. Uma vez enganado, iludido, usado, subestimado, invejado, você aprenderá a reconhecer os mesmos tipos de pessoas ao longe. Essa é uma dádiva que Deus me deu.
Não que na minha igreja só houvessem pessoas assim. Pelo contrário! Lá encontrei pessoas que me ensinaram muito sobre confiança, paciência, determinação. Pessoas que me apresentaram as lindas histórias da Bíblia, assim como construí lindas amizades que cresceram em momentos de grande dificuldades.
Também lá, despontei meu talento para cantar e vivi momentos muitos especiais com a música e com Deus.

Mas tem uma coisa que não foi ninguém da igreja, ninguém da minha família que me deu. Muito menos aprendi na escola. A fé.
Uma das histórias mais lindas e surpreendentes da Bíblia na minha opinião é a história de José, filho de Jacó.
Sempre me identifiquei com o perfil sonhador e esperançoso desse jovem que foi invejado pelos irmãos, traído, jogado no poço, vendido como escravo para uma terra estrangeira, difamado, preso, mas que no momento certo, foi posto como governador do Egito e foi um forte instrumento de Deus para abençoar muitos povos daquele tempo, em um momento de grande escassez. E ele era o menor da casa do seu pai. O filho mais novo. Bobinho, sonhador... quem diria!

Araruama sempre me pareceu apenas um ponto de partida para mim. Sempre achei que um dia, ali não seria mais o suficiente para os meus sonhos. O que eu não sabia, era que esses sonhos não eram apenas meus. Esses eram sonhos do próprio Deus para mim, que foram plantados por ele em meu coração.

Desligada do mundo, vivia sonhando com uma realidade além. Estava ligada a algo muito maior do que minha "sem jeitisse", minha timidez, meu medo de expor a mim e as minhas ideias aos outros.
Meu coração estava sempre voando. E voando alto...

----- fim do primeiro capítulo ------

byPIU


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